domingo, 6 de setembro de 2009

a corrida

Vivendo em câmera lenta,
na grande correria.
A impressão é que a vida se resume em euforia.

Eu tenho meus problemas,
meus emblemas, mil manias.
Mas a verdade é o dia-a-dia,
cada um com suas crias.

A gente vive no improviso,
sempre tomamos cuidado.
Mas o boato é o aviso que tudo foi pré-meditado.

Corre-corre cabra-cega,
pega quem não tem cuidado.
Quem vive nessa fome cega,
enxerga de olhos vendados.

Mas pra que tanta correria,
por que estão turbinando os carros,
se o trem passea sobre as linhas
e sempre chega adiantado?

Também pra que tantas perguntas,
tantas formas de fracção,
se a gente nunca se divide e não consegue explicação?

Corre-corre, pega-pega,
leve o que poder pegar.
É pra correr menos perigo
quando a corrida terminar.

Quem admira o lar do alheio
está correndo mais cuidado,
pinta fachada, põe bandeiras
diz que é o espelho do outro lado.

Há quem não aguenta correria,
e quem não tem boa visão.
Por não saber a dose certa, mais um dia na prisão.

A cada dia o dia leva
mais um dia na história.
No corre-corre do relógio,
a tempo fica na memória.

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