quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

lembrança

ontem vi a vida que nunca mais virei
o verde que é hoje azul
o príncipe que hoje é rei
o amargo, indigerível
mas o incrível adulterei


as minhas lembranças torcidas
as rugas da idade na face
o lodo no chão
a calçada rachada
a parede da cozinha,
novamente pintada


ontem vi o meu avô sorrindo
e hoje só fotografia
vi o passarinho voando,
que a gaiola não prendia


amanhã o esquecimento virá
vou virar à meu favor
e o que dirá a minha lembrança
"não quero lembrar de dor"
o que se monta dia-a-dia
isso não deve mudar

fantasia

me vesti numa mascara
e me entorpeci
parecia mais "cara"
que nem me conheci


segui rumo na estrada
uma vida tão linda
de visão bem focada
o que ainda não vi


só de brincadeira
eu fiz isso comigo
sei que o resto é besteira

eu sou meu inimigo
vou querer me vingar
vendo a morte chegar
à brincar neste bingo


_minha vida,
quem eu sou?
quero ler mais livros,
de histórias de amor

quero fantasia
aprender festejar
eu quero navegar
inventar alegria

poesia

quando era uma poesia
apaixonada e só sua
simples, ingênua, crua
Não se interessava, e não lia

virgem de ilusões do amor
peixe em curral marinho
mais parece que só um ator
incessível ao real carinho


mas o tempo passa
isso não é novidade
o palhaço perde a graça


o poeta, na verdade
é o caçador que já não caça
, e o leitor só leu tarde

sábado, 25 de dezembro de 2010

entorpeci

entorpeci a mente
eu pirei, quando a onda passou
foi tudo de repente
desliguei
mas a luz não acabou


eu tinha uma lanterna no armário
um maço de velas no bolso
me encontrei trancado igual otário
e a gravata enforcava meu pescoço


mas não adianta
não há nó que não se poça cortar
a pipa só levanta, com a linha,
e com o vento à soprar


quando acordei
era domingo de manhã de sol bem quente
e não há lei, que eu vi
que dispense a noite pra dormir, da gente


mas tome, vide bula
banque o psiquiatra amigão
que diz na cara dura
"a gangue do santinho que não tá com nada, está indo pra prisão"


beba laranja mecânica
corra uns quilômetros meios
e evite pensar. Comida orgânica,
faz bem pro paladar dos cheios


estudei a matemática do sobrenome
não entendi na aritmética e na regra de três
como se pode ser mais ou menos nome
se todos são iguais, cachorro, escravo, gato e o freguês


a luz iluminou o meu apartamento
foi quando eu vi que não estava sozinho
mas o mundo social é um tanto ciumento
roubou os meus amigos e eu fiquei, estranho no ninho


a onda voltou, eu não peguei
fiquei na maré mansa, numa dança ospicial
porque surfista já tem muito, eu sei
agora eu quero ver pegar a onda legal

domingo, 5 de dezembro de 2010

escolha

a escolha é certa
o certo, que a escolha é sua
se traça linha no deserto
ou segue a mesma rua


se vai à nado, à remo
à teima, a estrada é sua,
as curvas e labirintos,
os caminhos pra lua


as portas e as rotas
os mapas, os tapas na face
bem certo que faz-se destino
é o menino que sonha e flutua


os vales, a valentia
a agonia, alguns dias
a semente de liberdade
o broto que nasce torto


a vida seguida e partida,
reprimida, implodida em seguida
o rumo da cachoeira
tranqüila e depois se agita


a escolha, nem sempre é sua
é a crua e nua verdade
a idade, a cidade a, vida
a lida pode ser sua

domingo, 28 de novembro de 2010

21/08/07




As minhas letras não brilham
todas da mesma cor
não tenho gravuras
nem desenho animado

Não procuro palavras
em músicas ou livros
não desenho
um coração
que não possa bater

Sentimentos num papel
não
vale nada
o papel é o caminho


por onde andam minhas letras
letras sinceras
palavras sinceras
frases sinceras

Tudo que é sincero busca a paz e a alegria.

bonito 24/08/07

eu me digo, bonito
digo da sobremesa
bonito. Se põe mesa
na grande diversidade
de uma cidade tão linda
que há inda honestidade

verdade na minha terra
se fala escancarado
coitado do cidadão
que não vive prevenido
do grito da multidão
que amassa a massa do pão
e vive depois da guerra

Coisa

quero fazer uma coisa
e a coisa ainda é sem nome
não sei que forma ela tem
a coisa que já me consome


quero tê-la pra mim
coisa que seja minha
fruto da minha paixão
registrar em cartório


coisa vou te dar abrigo
com garra e documentos
salvar-te dos inimigos
da critica, avaliação


vem minha coisa querida
em feto, e sem sofrimento
nascer pode ser um tormento
faz parte da fabricação


não sei de onde tu vens
e os bens que vais consumir
mas deves coisar por aí
Coisa, chega o momento

experiência

na vida a gente tem experiência
há gente que conhece amor
e quem só ignorância
gente que dá carinho
e tem quem não dá importância


da vida, leva experiência
tem quem não leva nada?
quem só tem um cobertor
gente de saco cheio,
transbordando inconseqüência


se a vida fosse uma ilha
fugiria que fosse à nado
teria barco alugado
cruzeiro pra maré mansa
e pobre morrendo afogado


eu fugi, vou dar um passeio
pode ser que eu retorne
vou participar de um torneio
ganha quem corre primeiro
sem juiz, "tampoco" inocência


não vou levar desaforo
nem beijo de noiva escarrado
não levo esse papo-furado
pirado, em fuga (ao acaso?)
levando a bagagem de mim


no fim, a inexperiência
é a vivencia da fuga
do sono forçado no leito
o punhal conservado no peito
o medo que suga a vivencia

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

distorcência

é o bate e rebate
o ouvido atento
tentação do beato


é o porta-retrato
o pé no chão
o irmão, meu irmão


é a procissão
nas avenidas, com suas ladainhas
escolher figurinhas


o era melhor
antigas ironias
os heróis e as mentiras


o fétido, podre
o que não se mistura
e a linda figura


a ganância e a anciã, enjôo
o vôo rasante
o grande instante, e o perdôo


o ia e não vou
a flor que murchou
a dor na consciência
inocência perdida


a rima partida, a distorcência
o em prol da ciência
demência aprendida


o heróico combate
final é começo
meio, defesa. Sem fim...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

_Cachorro!

_cachorro. _cachorro...
cachorro pensa?
Cachorro! Cachorro?


o bicho acompanha o dono
?quando vai escovar os dentes,
além do portão pra fora,
cumprimentando os velhinhos,
também dando esmolas?


tem tanto cachorro de rua
na crua vida de cão
será que o dono é a lua,
ou que ele tem dono não?
esse acompanha à quem?


vejo cachorros latindo
escrevendo tratados de guerras
incomodados partindo,
brigando, e soltando as feras

vejo cachorro sorrindo,
pulando, abanando o rabinho
gente achando lindo,
adotando e dando carinho

mas tem cachorro gemendo
, chorando de fome e frio
, comendo com gato e rato
, jogado no fundo do rio

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

mundo de brinquido

hoje vou voar
não faço meus limites
que tente me cercar
não pulo por cima
não dou a volta
e nem vou ficar aqui

hoje eu quero guerra
quero meu limite
não vai interceptar
meu sentimento não pode acabar

hoje eu quero mais
voar mais alto
não há autoridade
que trate de segurar
quero ser maior

não tenho raiz
nem cravei meu pé no chão
é meu, meu coração
não vou chorar, não
vou morrer de medo

agora vou contar
estrelas no metrô
ver filmes de terror
e pentear macacos
e os fracos vão berrar

minha agitação
no mundo de brinquedo
contando meus segredos
a imaginação cresce sempre mais
fisionomia? filosofia? fisioterapia?

quem diria? muito obrigado
o "que" dessa questão
é secular
pra tolerar
panqueca lunar
iceberg no mar
é a cabeça na mão!

sábado, 20 de novembro de 2010

(Fé)

Aaaaaatirei o sal no sapo-po
mais o sapo-po, não correu-rreu
dá uma dica-ca, o que houve-v?
não tem um, não tem um que não tremeu


o sapo não tinha perna
o sapo não tinha braço
e a boca estava fechada
foi costurada com linha de saco


discunjuro, pelo amor de deus!
o que é isso?
isso é crendice
não foi eu


Bartolomeu na oficina
teve uma piriri
deixou o torno ligado
olho arregalado
caiu da escada e faleceu


Maria Chiquinha banguela
queimou a panela
virou a tigela
caiu e morreu


olha senhor macumbeiro
te dou dinheiro
espelho, isqueiro,cachimbo,
dou vela, vermelha, amarela,
de toda cor
veja só no que deu


se precisar de cabrito
tem um que é bonito
eu abro mão
só não pode contar
pois eu vivo na igreja
não bebo cerveja e nem posso fumar


ai minha mãezinha querida
perdoa essa filha
aqui nessa terra
vida é de amargar


perdoe meu grande senhor
meu único amor
não sou feiticeiro
estou dando dinheiro
e não mudo minha Fé.

Capital

eu aprendi a cobrar
agora cobro com juros
por que estavam suspensos no ar
as etiquetas, os preços
tenho o bolso mais seguro


pago em dia
no dia de vencimento de cada mês
assim é que se faz
pra girar o capital, que rende mais
pois não tem graça
pagar tudo de uma vez


no dia e na hora marcada
sem juros, sem nada
fico sem um tostão
quase não ganho nada
só quero ser patrão


financia meu senhor
o imposto de renda
o leão ta querendo comer minha fazenda
minha filha não quer mais brinquedo da china
tadinha da menina

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

desprazeR

conhece o desprazer?
Parece que nasce do chão
como as tiriricas
(...) que o faz crescer


acho que poucos não sabem
ou não lhe dão atenção
mas ele está por aí
e todos dizem amém


o desprazer de lembranças
qual não se pode mudar
nem se dão por esquecidas
em que? se pudessem mudanças


vejo o presente continuo
que tanto é reincidente
de lado que for, de frente
à vida, razão ou desejo

vida na palma da mão,
nos olhos, nos corações,
na terra do meu pesadelo,
no sonho, na imaginação


_Ó deus do grande futuro,
do escuro, da iluminação
gritado pelos caminhos
esquecido no porto seguro,
fiel é meu eu reprimido
o que sente gosto de fél
mas eu, quando tenho tudo
mudo, fico esquecido.

O futuro promete?
no caso, promete a quem?
passa tempo e não vem
eu só conheço de nome

grande e fiel conselheiro
"desprazer", meu amigo
está em diversas faces
mostrou que não vivo sem erro.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

encoberto

antes que eu descubra
o que há é desconhecido
as vezes tivesse a ilusão do despercebido
o que na verdade me seria,
pouco caso
ou caso perdido


nada que fosse à defesa
ou que obscurecesse a face
mas, que não tenha o toque de atenção
se faria coberto
até que eu descobrisse


mesmo que alguém me mostrasse
e soasse no megafone
desse nos jornais mais lidos
gritassem nos meus ouvidos
sem que eu prestasse atenção


desconheceria certamente
e certo, na ignorância
na inocência imprecisa
da face do encoberto
um que de quem não sabia

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

( . - ? ) ( ... - ? ) ( ! - ? ) ( ? - ! )

domingo, 7 de novembro de 2010

"Mulher"

mulher. "Mulher"
mora no meu coração
faz minha vida em beleza
peça de decoração

quero ter o seu carinho
sua pele, seus cabelos
falar no seu ouvidinho
e saber o seus segredos

quero ser sua paixão
o perdão de nossas brigas
ter como mulher e amiga
quero o sim e quero o não

mulher, eu quero seus problemas
as causas que te trasem dor
preciso ter o seu amor
nessas e em outras cenas

Faltou trabalho.

há tanta aberração
tanta besteira
tanta força pra hastear uma bandeira

há gente morrendo de fome
procurando um nome
batizado já virou epidemia, que agonia

salvação não é remédio
casa não pe prédio
será que a gente pode evitar alguma coisa?

coronél das compradinhas
compadre do inimigo maior do estado
já se foi meio apreçado. E o cordel das piadinhas?

veja só que negócio bom
deixei de plantar o limão de fazer refresco
há um pozinho pitoresco, e já vem doce "ah, se fosse bom..."

enquanto o Dó lá da canção der um sambinha
o povo dança, carrega criança
no carrinho importado da china

faltou trabalho, sofre o trabalhador
até quem não gosta, grita "me acode senhor"
de grão-em-grão. Hoje tem procissão de trabalho!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ironia

mais fácil é esperar
e ficar esperando a vida toda
por um momento melhor
a hora certa

fácil é deixar pra depois
uma outra hora
quem sabe, talvez
em outra situação

acho que não é agora
a hora que tanto sonhei
prefiro dar um tempo ou tempo
E o tempo que nunca me dei?

quero esquecer tudo isso
apagar toda essa ilusão
o que depende de mim
não vem cair em minhas mãos

difícil é lutar
conquistar o que quer
então prefiro acreditar

seja o que deus quiser

seja à profecia
seja o que for melhor
porque já não tenho escolha
é o que eu mais queria

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quem te amava morreu!

Inventei um amor
que me dava carinho
não me maltratava
nem deixava sozinho

não me apaixonei
mas briguei com destino
quem não teve amor
e não vive sorrindo

me amava demais
que nem acreditava
eu brigava com ela
e já não tinha paz

me tornei um brinquedo
para aquela mulher
fiz-me refém do medo
eu nem acreditava

eu estava sozinho
dava pena de mim
já não era segredo
todos viam meu fim

quando ela se zangou
por ver tanto ciúme
o amor acabou
e não me conformei

era tão possessivo
não via meu erro
só lhe dava motivo
para me deixar

o que tanto temia
logo aconteceu
ela me abandonou
e eu já não era eu

debrucei no balcão
que quase me matei
já não era ninguém
pois não me perdoei

eu nunca mais amei
não ouvia ninguém
também não apaguei
ela do pensamento

fiz a triste canção
que não dá pra esquecer
feriu meu coração
que não quer mais bater

quem já não tinha nada
alem do violão
só cantava pra ela
mais não tive perdão

até que nesta manhã
tão fria e triste
o sol apareceu
e o corpo não resiste

eu no banco sentado
de frente à sua casa
terminei o recado
Quem te amava morreu!

sábado, 16 de outubro de 2010

descrença

com destino o infinito
paro por aqui mesmo
posso me adiantar
ou tentar voltar atrás

vou desbravando ao incerto
quebrando todas barreiras
pelos atalhos e curvas
construindo meus caminhos

montando arranha-céus
visando vales profundos
querendo aprender voar
crescendo passo das pernas

vendendo até minha imagem
quase sem imaginação
perdendo a noção do tempo
me vendo na solidão

eu, que não sabia tudo
tropeço em meus pensamentos
já degustando veneno
não sei se tenho razão

pensei que fosse difícil
mas não tive o cansaço
fracasso dos tornozelos,
é não querer mais andar

diga que tudo é mentira
e não me tenha na mira
desviar, de uma forma
é a rota de colisão

do que vale crer na história?
não me falhando a memória
comparo crença e descrença
pouco se pensa o que faz

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

condão

por mais que o joelho rele ao chão
o vento apaga vela
vem chuva forte e leve
há vento e furacão

tudo continua na mais pura calma
a sujeira da alma
as linhas da palma da mão
e o caus não é só ilusão

por mais que alguém não grite
as vozes não revelam
tudo é escondido,
qual pedido em oração

será que a gente quer assim
e quando quer mais não?
quanto me vale a vida,
na força do condão?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

violão SOBERBO

comprei um violão escultural
cravelhas, cavalete e capotraste de marfim
isso tem finalidade musical

os trastes e as cordas
que nunca soaram modas
tão reluzentes, feitos do mais fino ouro

de fundo, braço e tampo
por encanto é inteiriço
estampados em madeira de lei

tem uma bela boca
nem muda e nem rouca
mas tão soberba pra cantar no coro

INVESTIMENTO

o meu investimento financeiro
valeu dinheiro
o mundo inteiro viu

valeu no tempo
o tempo todo que durou,
não valeu nada mais

antes d'aqui, aquilo tudo era daqui a pouco
e fiquei louco de excitação
eu não sabia quase nada
nem da granada, o que diz da explosão

mas eu queria um pouco mais
andar de costas sem olhar pra trás
sem pensar nos tempos

eu quero juros
tirar retratos e colar nos muros
pra que não passe mais

domingo, 10 de outubro de 2010

frente

engraçado olhar pra trás
e ver que não é longe
tocando os calcanhares
o atrás vai à diante

quando menos atrás
mais a frente vai distante
se vê mapa e cartaz
prostrado, descontente...

ver a frente demais
é negar a corrente
não haver troca de olhares
e negar que o longe tem frente

verdade

verdade arde
e na verdade é fria
mesmo que seja tarde

não há dia da verdade
é um fogo que arde sem dia
dia certo ou errado

verdade é como chuva
chega sem mais nem menos
provoca um enxurrada
vem alagando tudo
o que boia é rebeldia

_Recado.

Vi no papel do maço
um pedaço de sentimento
que jorrando pela caneta
por entre meus dedos lentos

_Minha amiga mesa,
encosto de cotovelos,
a ti conto meus segredos
já ouvistes meus lamentos...

Meus ressequidos olhos,
relendo este recado
não sabem de conquista,
fabricando venenos

Mas quem traduz recado
faz-lo de outra maneira
retém alguns bons regalos
e aumenta alguns que lamento

Se foto, sugueito feio.
Se falo, feio a menos.
Escrito tem mais detalhes,
bonito se escolhemos.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

trem

tem trem por todo lado
em tudo que é lugar
trem debaixo d'água
também à flutuar

trem descendo morro
socorro, vai passar
corra, sai da frente
gente pega o trem

tem quem chega tarde
quem não perde o trem
trem de carga leva gente
gente, ainda falta trem

eu já vi surfar no trem
já vi briga, onde não tem?
vi pastor, vi camelô
pedinte, trabalhador

quem já colocou moeda
pra um trem passar por cima,
passeou por sob a linha,
esperou o trem passar?

estou vendo poucos trilhos
vendo muitos trens pararem
as estradas com buracos
e os trilhos enferrujarem

história

acreditei que um pedaço de papel
tivesse o mesmo tom de voz que o gritador
agucei os meus ouvidos
andei sem retrovisores

foi no conto de fadas que eu vi
o céu que era mais bonito
o grito era uma canção
e o coração batia qual tambor
sem dor, só de amor vivia o personagem

à margem da desilusão
ninguém apagou a luz
a buzina não funcionou
ninguém ficou desavisado
e mesmo assim um dardo me acertou

o que parecia ironia
já não sabia mais
o que era parte da história
e quem eram os demais.

Se não me falha a memória
o velho que contou já não se ouve falar
quem estava por aqui
mas quem sabe ouvir
sobrevive ao locutor

sábado, 11 de setembro de 2010

grita não - bossa nova

ela disse bonitinho, aqui no meu ouvido
e também não me disse pouco, fiz despercebido
eu ouvi muito baixinho todos os seus gritos
que berrou, em quatro cantos só eu não ouvia
se olhasse para ela, talvez não gritasse
a garganta e os ouvidos não gostaram disso

ela disse muito mais do que queria ouvir
se me desse ouvidos, não seria tão ruim
lhe diria que meus olhos são paralisado
s
e os recados dos ouvidos não passam por eles
e se quer deixar alguém maluco nesse mundo
é melhor andar um pouco, digo um tanto mais

mais não quero que se vá, só não fique assim
não te quero irritada pra brigar comigo
se gritar não vou ouvir, peço, não insista
meu ouvido é delicado e gosta de você
quando fala com carinho, ele pede mais
então fica mais um pouco comigo

sábado, 14 de agosto de 2010

animais e animosidade
animam o desanimado
o animo se torna forte
e o desanimo sagrado

deixa de lado
deitado levanta
abaixa e tonteia
rodopeia pra todo lado

o animal animado
o sem animo, morgado
com a sorte, com sabedoria
corrupia se é forte
cambalhotas de seis por um
e artimanhas de matanças
que deixa o povo maravilhado
deus me livre ter que ver a peça desse ensaio

aqueles riscos de poluição
correndo riscos de morrer em vão
e o povo aplaude o seu grande inimigo
o espetáculo do avião

mandaram rosas à um amigo
e há tanto, e à tantos
é preferível ver televisão
observei o céu estrelado
ao lado dela,
me aqueci do frio
Um tiro no peito
foi o que me fez querer,
o dia em que o frio veio sem ela.

foram promessas
também me arrancava confissões
e eu já fui embora
não demora muito e eu já não voltei

mais me racha o coração
pensar no que poderia ser
e não foi
não vai ser a mesma coisa

onde já se viu
a lua com seus contemplantes,
amantes da lua,
se vê saudade
a gente que vê
as vizinhas passando
_Olhe de novo,
veja uma vez
quem vê você passando.
Falando escondido
pensando besteira
na beira de ser percebido.
há gente que houve
que está e não ouve.

Ver já não é mais permitido.

Ouça, limpe bem os ouvidos
esquive o pescoço
logo não será permitido
imaginei chorar uma semana
só por imaginar
o que não desejava

enquanto imaginava
nenhuma lágrima rolava
eu desacreditei

chorei nada
imaginei, chorasse
mudasse muito pouca imagem

mas a imaginação voa
não perdoa o imaginante
pousado à chorar

quarta-feira, 28 de julho de 2010

noturna

hoje vi uma flor,
que é bem mais bonita,
"que há nalgum jardim"
que as que vejo por aí.

depois que o sol se pôs.
ao vento, e ao luar.
céu de estrelas, flor da noite.
Tudo é mais bonito!

no inverno sem frio,
arrepiados pelos, olhares,
nada mais. Por quê não?
Nem palavras

de fininho

passei na escola
passei de fininho
quase que ninguém me viu
vejo que não mudou nada

se ela passou por mim
é por que eu insisto
desistir não é pra mim
mostro que esixto

é pena que perdemos muito tempo
são coisas banais,
jogos de damas,
cartas demais.

Aprendi que a inflação inflama
e afecta a circulação.
Que o homem não se ama,
maltrata seu coração.

Aprendi calcular um pouquinho,
pra comprar pipoca na fila do cinema.
Me encinaram ler as propagadas,
o que era importante já não se lê mais.

sábado, 24 de julho de 2010

de doer

ó, que isso está bom,
isto d'aqui está de doer,
os olhos de marimbondo
cheiro de narguilé

ó, que isso me faz lembrar
como é bom, poder enxergar
ter os olhos mais claros

hey! Tire as vendas do pescoço
Esse moço está acostumado.
Refrescar os olhos.

ó, mas o que vale lembrar?
o que vale, perceber
Hoje o sol está de arder.
who are they
around to me?
by my brother, some solution
what easy, about to move

nice mind to be good
the life is all right
ended midnight?

read a handbook sacret
one large position around
and there poor living sleepy

terça-feira, 20 de julho de 2010

covarde

qualquer maneira seria covarde
na força, ou na arapuca
tanto se faz besteira

mesmo que estivesse errado
entrado na mira
por distração,
ou por brincadeira

o sujeito que agride,
se fere com seu orgulho,
mordido pelo ego

tem coisas

Tem água no poço,
copo vazio,
dor no pescoço,
corrente no rio.

Tem mato sem bichos,
lixos nas ruas,
luas sem graça,
tem praça sem ruas.

"Gente", tem tantas coisas!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

bonito

eu, que sempre fui meio esquisito
é que ainda não quis ser mais bonito
quinem nas cocheiras
lambo sal, pra saber que gosto o doce tinha

não me arrependo de não ter crescido
ainda que nem sei direito
meus defeitos, mais, vou procurar saber
não sei se o que perturba, minha paciência

"demência de devoto pelo meu semblante
ou a ironia que é tão linda e grandiosa
é que, talvez não sejão rosas/margaridas
as belezas conquistão nossos olhares"

está na mesa, numa pracinha
no tempo e na linha
ela não pode se atrasar

dito e posto

Depô de depois de deposto
ponhando palavras sem rosto
com gosto de ancia na boca
na louca palavra de posto

depois de porem, ter-me posto
entre poucos pedaços "distancia"
ganancia de ter meu refrão
mas nunca terei mão sem gosto

domingo, 18 de julho de 2010

cafuné

é de um carinho qualquer,
de colher um conforto,
um galho torto
pouco demais

Mas o sufoco existe!!!
Na lamina de all screens,
lamparinas trafégam seus homens,
mas as lentes embação, tantas visões

mas um cafuné
vaga ocupada na cama
ama todo mundo
Não se ama mais!!

aqui nesse lugar comum,
onde tudo é colorido
não existe anestezia
pouco se olha pra tras

ciências métricas

as razões não se parecem
que razão que nada,
na lameira que interessa
que gruda,
e não quer sair?!!!

as artimanhas de meus pais
pra me criar tão bem
me dizem muito mais


não sossego contando as perguntas,
conferindo os formulários
enquanto nos aquários
peixes nadam poucos cúbicos

adiantando as evidências
adiando equivalências
ciências métricas demais

terça-feira, 6 de julho de 2010

manobras

quantas manobras temos que,
"como pilotos de fuga
fungando motores
invadindo o por-fora das curvas"
executar.

Quantos manuais
cálculos de precisão
primeiros socorros
Quanto à pouca instrução?

Tanto faz o azul
se é vermelho o botão
DETONAR, qual seria a missão

O plano B, no papel de pão,
na porta da geladeira
como bandeiras
em contas à pagar

apague a luz

h a h a h a

gosto de ver as pessoas sorrirem
independe de ocasião
não que não haja sofrimento
longe disso (sem perdão?)
riso é grande beneficio

é bem perto de certo
que um sorriso aberto
melhor presensado...

gosto de ver o sorriso no rosto
daqueles que faz um barulho no peito
que o sugeito que ama o irmão sabe dar

areia

a inocência da areia
que de grão enche um deserto
é um sonho de mais

mas, pra que tanta insistência
aniquilar os corações é o suprassumo
um martírio aos caminhões

multidões de um tanto distantes
com semblantes aparentes
areia de construção

bilosca, graveto de pau
conchas e raízes
dizem de onde vão

quinta-feira, 1 de julho de 2010

...( )...

oi, amor que eu não tive
digo oi, vamos viver
depois do oi, que a gente vive

o que já foi, não pode viver
se já não vive
continuo à querer

já não procuro o tão sonhado instante
como um fio de barbante,
procurando o fio da meada

e pela madrugada que não durmo direito
sem jeito de acordar,
por que não é um sonho

vivendo no querer profundo
anoiteço e amanheço sozinho
querendo te encontrar

viajante

admiro o sorriso
não sei de quem, o perfume
não sei, mas tem
que um dia provarei

parte com olhos distantes
um, sozinho
o viajante
querendo encontrar

não se acostumando
aos detalhes
aos destacantes
à percepção

novidade

olha a novidade
olha e não desgruda os olhos
novidade! de olhos atentos

olham, vejam só
só não descanse os olhos
quando a novidade chegar

o observante, olhos distantes
amante da observação
de olhares perdidos ao redor

mova, que a novidade vem
vem correndo, e passa, ligeira
e não espera ninguém

segunda-feira, 28 de junho de 2010

asa

na brasa rasa que te arrasa,
nas paisagens passageiras
e qualquer besteiras mais

em gente, maneiras são tantas
os mantras, os castiçais
os tais, que tanto faz

a asa não vê o voo,
o jogo, o fogo
nem mais, nem tão pouco

mas, se os olhos vissem
onde a vista alcança?
ficamos olhando pra tas

quinta-feira, 17 de junho de 2010

sonho

ventou, e desapareceu
quem não correu, e ficou
aprendeu
o que se faz com o que fica pra trás

eu vou
é ficar
quem não pode esperar
na lembrança de um sonho que invade

de que tanto se prendeu
a esperança não volta atrás
mas quem ficou pro eu?
quem fez o que aconteceu?

ninguém voltou
a distancia aumenta mais
e quem faz a lembrança lembra
mas quem não, deixa pra depois

mas, só quando deus quiser
tenho fé que vou desfrutar
um caminho de neblina
o que vamos à enchergar

terça-feira, 15 de junho de 2010

antigo

desacreditei daquilo que era lógico
como é que pode, eu nem percebi
nasci aqui num tempo mais à diante
mas esse tempo nunca esqueci

acreditei, mas isso era bem lógico
e hoje em dia, nunca percebi
a alforria cheia de enganos
há muitos anos me aterrou aqui

hoje percebo que isso é tão antigo
nenhum abrigo é descanso em meu sonho

recado

enquanto o quanto for o encanto, ...
o portanto tanto faz
me lembro muito bem
que bem pouco se sabia
das distantes capitais

mas, o mais mandou recado
de um retardo à lição
mesmo que os planetas se multipliquem
sem as letras do escrivão,
e os sinais do amordaçado
traduzidos na canção

por quanto o quando for
as mudanças dos mudos e das danças,
das lembranças e do que se for
...pouco se sabe que sentido faz

to be

o que é, vai continuar sendo
o que está, pode não estar
nem um átomo atingiu ser
ser é bastante raro
acredito que o ser é Deus

pois, estar pode ser divertido
como uma flor que vai desabrochar,
as luminárias que se apagam
e que depois podem iluminar

ser é o... "Sei que de ninguém desiste
insiste alguma forma em estar
mesmo que haja uma repugnância
ainda estou sendo". ...senhor!

segunda-feira, 22 de março de 2010

grito

forte é meu grito
grito de morte
morri, quase nenhuma vez
me lembro bastante pouco
louco que emputecí
gritei que rachou-me a goela
naquela noite infeliz
forte que o grito foi

pensei que seria fácil
tentei mas não consegui
cantei como a cigarra
na farra do meu encanto
a morte passou bem longe
e um monge se assustou
berrou, doido varrido
não alugou meu ouvido

mas grito não soa bem
quem grita sabe que é bom
e não agrada ninguém
quem tem grito no peito
sem geito de libertar
no ar sem moldar juízo
não sabe que é bom gritar

não grito

gritei até ficar rouco, mas ninguém me ouviu
resolví rodar acompanhando o ponteiro do relógio
mas eu fiquei tonto e não deu em nada
eu contei pra todo mundo e alguém deu risadas
me pediram pra contar denovo

eu gritei mais uma vez pra pedir socorro
não é normal alguém querendo me ouvir
mas eu descubrí que era um velho surdo
e no escuro que tava sem os meus sinais
já não me é normal gesticular

contei varias histórias veridicas
mas minhas criticas me condenaram
não costumam dar ouvido à verdade
"Como eu posso aguentar?"
contando eu não ganho a vida

descobri que não sei quase nada,
que a estrada é longa se tiver que chegar
mas nem sei onde quero ir
não gosto de dormir
então fico acordado imaginado por que tenho que partir

já não grito mais, eu não quero paz
mas também não quero perturbar os outros
porque nem todos vão onde a mente alcança
ficar na esperança do que pode acontecer, é uma terapia que não quero pra mim

domingo, 31 de janeiro de 2010

despedida

a cada segundo que passa
eu me despeço do mundo
mas eu nem perco um pedaço
o mundo, nem eu se desfaz

despeço do meu paraíso
alegro rever o inferno
não quero maior prejuízo
o eterno querer ter a paz

que paz? onde está tão ruim?
sem luta, o que faço da vida
ouvir o silencio, que mais?
de mais, o que sei que preciso

prefiro viver na partida
lutando com meus animais
mas vendo o que posso com a vida
o resto, deixando pra trás

fale?

ficar de boca fechada
o dia inteiro não dá
com esse mundão me mostrando a vida
calado não posso ficar

eu falo até com minhas pulgas
e falo com meus carrapatos
não me desplugue à menos
que não veja nem porta-retratos

meus passos, que aos fatos me leve
ao sonho que nunca acordei
fantasiando a mentira
a verdade não dá pra mudar

consumo com fatos estranhos
tamanhos que chego a temer
diante do mundo, mas bem na surdina
não posso deixar de falar

graças, há deus

eu escrevo, graças a Deus
e graças a Deus eu escrevo
escrevo por escrever
escrevo por ser feliz. escrevo,
quando estou triste, lembro de escrever

graças que escrevi
servi de leitura. adeus
quando não estiver aqui
graças onde estiver

graças a Deus sou feliz
feliz, graças ao triste
com crises que mortificam
vejo que sou feliz

graças a uma tristeza
que me ensinou a brincar
lutar pela minha vida
triste graça certeza

escrevo adeus com certeza
graças eu devo pensar
escrito à natureza
saia e veja o lugar
um principio de estranheza
a-Deus posso gracejar

>mudança>

uma cara de velório
cara de quem não gostou
não, não mudei o repertório
você que nunca ligou

veja bem
seja como for eu vou dançar
legue o radio, ponha o mesmo disco
corra o risco
não deixe parar

uma cara de assustado
de quem nunca acreditou
e não vá dizer agora
que o fim nunca chegou

seja bem
o que for não vai ficar
diga mais, não ouço mais essa canção
quebrei o disco
me deixe mudar