sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quem te amava morreu!

Inventei um amor
que me dava carinho
não me maltratava
nem deixava sozinho

não me apaixonei
mas briguei com destino
quem não teve amor
e não vive sorrindo

me amava demais
que nem acreditava
eu brigava com ela
e já não tinha paz

me tornei um brinquedo
para aquela mulher
fiz-me refém do medo
eu nem acreditava

eu estava sozinho
dava pena de mim
já não era segredo
todos viam meu fim

quando ela se zangou
por ver tanto ciúme
o amor acabou
e não me conformei

era tão possessivo
não via meu erro
só lhe dava motivo
para me deixar

o que tanto temia
logo aconteceu
ela me abandonou
e eu já não era eu

debrucei no balcão
que quase me matei
já não era ninguém
pois não me perdoei

eu nunca mais amei
não ouvia ninguém
também não apaguei
ela do pensamento

fiz a triste canção
que não dá pra esquecer
feriu meu coração
que não quer mais bater

quem já não tinha nada
alem do violão
só cantava pra ela
mais não tive perdão

até que nesta manhã
tão fria e triste
o sol apareceu
e o corpo não resiste

eu no banco sentado
de frente à sua casa
terminei o recado
Quem te amava morreu!

sábado, 16 de outubro de 2010

descrença

com destino o infinito
paro por aqui mesmo
posso me adiantar
ou tentar voltar atrás

vou desbravando ao incerto
quebrando todas barreiras
pelos atalhos e curvas
construindo meus caminhos

montando arranha-céus
visando vales profundos
querendo aprender voar
crescendo passo das pernas

vendendo até minha imagem
quase sem imaginação
perdendo a noção do tempo
me vendo na solidão

eu, que não sabia tudo
tropeço em meus pensamentos
já degustando veneno
não sei se tenho razão

pensei que fosse difícil
mas não tive o cansaço
fracasso dos tornozelos,
é não querer mais andar

diga que tudo é mentira
e não me tenha na mira
desviar, de uma forma
é a rota de colisão

do que vale crer na história?
não me falhando a memória
comparo crença e descrença
pouco se pensa o que faz

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

condão

por mais que o joelho rele ao chão
o vento apaga vela
vem chuva forte e leve
há vento e furacão

tudo continua na mais pura calma
a sujeira da alma
as linhas da palma da mão
e o caus não é só ilusão

por mais que alguém não grite
as vozes não revelam
tudo é escondido,
qual pedido em oração

será que a gente quer assim
e quando quer mais não?
quanto me vale a vida,
na força do condão?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

violão SOBERBO

comprei um violão escultural
cravelhas, cavalete e capotraste de marfim
isso tem finalidade musical

os trastes e as cordas
que nunca soaram modas
tão reluzentes, feitos do mais fino ouro

de fundo, braço e tampo
por encanto é inteiriço
estampados em madeira de lei

tem uma bela boca
nem muda e nem rouca
mas tão soberba pra cantar no coro

INVESTIMENTO

o meu investimento financeiro
valeu dinheiro
o mundo inteiro viu

valeu no tempo
o tempo todo que durou,
não valeu nada mais

antes d'aqui, aquilo tudo era daqui a pouco
e fiquei louco de excitação
eu não sabia quase nada
nem da granada, o que diz da explosão

mas eu queria um pouco mais
andar de costas sem olhar pra trás
sem pensar nos tempos

eu quero juros
tirar retratos e colar nos muros
pra que não passe mais

domingo, 10 de outubro de 2010

frente

engraçado olhar pra trás
e ver que não é longe
tocando os calcanhares
o atrás vai à diante

quando menos atrás
mais a frente vai distante
se vê mapa e cartaz
prostrado, descontente...

ver a frente demais
é negar a corrente
não haver troca de olhares
e negar que o longe tem frente

verdade

verdade arde
e na verdade é fria
mesmo que seja tarde

não há dia da verdade
é um fogo que arde sem dia
dia certo ou errado

verdade é como chuva
chega sem mais nem menos
provoca um enxurrada
vem alagando tudo
o que boia é rebeldia

_Recado.

Vi no papel do maço
um pedaço de sentimento
que jorrando pela caneta
por entre meus dedos lentos

_Minha amiga mesa,
encosto de cotovelos,
a ti conto meus segredos
já ouvistes meus lamentos...

Meus ressequidos olhos,
relendo este recado
não sabem de conquista,
fabricando venenos

Mas quem traduz recado
faz-lo de outra maneira
retém alguns bons regalos
e aumenta alguns que lamento

Se foto, sugueito feio.
Se falo, feio a menos.
Escrito tem mais detalhes,
bonito se escolhemos.