domingo, 31 de janeiro de 2010

despedida

a cada segundo que passa
eu me despeço do mundo
mas eu nem perco um pedaço
o mundo, nem eu se desfaz

despeço do meu paraíso
alegro rever o inferno
não quero maior prejuízo
o eterno querer ter a paz

que paz? onde está tão ruim?
sem luta, o que faço da vida
ouvir o silencio, que mais?
de mais, o que sei que preciso

prefiro viver na partida
lutando com meus animais
mas vendo o que posso com a vida
o resto, deixando pra trás

fale?

ficar de boca fechada
o dia inteiro não dá
com esse mundão me mostrando a vida
calado não posso ficar

eu falo até com minhas pulgas
e falo com meus carrapatos
não me desplugue à menos
que não veja nem porta-retratos

meus passos, que aos fatos me leve
ao sonho que nunca acordei
fantasiando a mentira
a verdade não dá pra mudar

consumo com fatos estranhos
tamanhos que chego a temer
diante do mundo, mas bem na surdina
não posso deixar de falar

graças, há deus

eu escrevo, graças a Deus
e graças a Deus eu escrevo
escrevo por escrever
escrevo por ser feliz. escrevo,
quando estou triste, lembro de escrever

graças que escrevi
servi de leitura. adeus
quando não estiver aqui
graças onde estiver

graças a Deus sou feliz
feliz, graças ao triste
com crises que mortificam
vejo que sou feliz

graças a uma tristeza
que me ensinou a brincar
lutar pela minha vida
triste graça certeza

escrevo adeus com certeza
graças eu devo pensar
escrito à natureza
saia e veja o lugar
um principio de estranheza
a-Deus posso gracejar

>mudança>

uma cara de velório
cara de quem não gostou
não, não mudei o repertório
você que nunca ligou

veja bem
seja como for eu vou dançar
legue o radio, ponha o mesmo disco
corra o risco
não deixe parar

uma cara de assustado
de quem nunca acreditou
e não vá dizer agora
que o fim nunca chegou

seja bem
o que for não vai ficar
diga mais, não ouço mais essa canção
quebrei o disco
me deixe mudar