o veloz, o velocípede
a velocidade da luz
acredite e tenha na lembrança
porque quando se é criança,
isso está no coração
eu não quero morrer velho,
sem ter minha dentadura
pois a verdade pura,
é até um pouco mais
é querer ter tempo pra mudar as coisas
ter uma cadeira de balanço,
para cochilar em paz
fazer careta,
pose de artista
procurar um anestesista,
pois velhice não tem cura
eu quero ser criança,
só mais um pouquinho
quero correr na chuva,
sem saber se vou me resfriar
hoje eu vou brincar na terra,
pois na terra que eu venho,
não tenho medo de voltar
quero ver a vida no chão
pilotar meu avião com a mão
e mastigar chicletes sem fexar a boca
quem tem boca é quem faz dela o que bem quer
dá de presente, ou alugada, emprestada
beija o chão;
a mão;
o butão da flor,
que foi doada com amor e alguma outra intenção,
pra convencer uma mulher,
talvez tirar a roupa
eu sonho em ser criança pro resto da vida
pra ninguém se preocupar comigo
e não dar ouvidos pro que eu falo
se eu quiser conselhos de um cavalo
ele me ouve como um melhor amigo
tenho muita sorte,
e ainda tem gente que duvida
é muito bom lembrar,
do meu veloz velocípede
ele não solta fumaça,
não polui o mundo
mas roda num segundo,
muito mais que essa esfera
o mundinho do bípede
e nem precisa sair do lugar
enquanto os homens tentam,
correr mais que a luz
descobrir o elixir da velhice eterna
correr mais que as pernas
saber da face de Jesus
cuido do meu coração